sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

não fora a morte...

***

o frio corta a pele como faca aguçada

a bruma invade corações de carne e de pedra

e os sonhos desvanecem

dolorosa e friamente

nesta moldura

feita poema

feita canção

***

e esqueço o que abracei

a verdade que criei

num olhar apenas

relâmpago sem trovão

(ou trovão sem relâmpago)

***

e o frio corta como espada afiada

no deserto do espírito cansado

despido de forma

gigante

***

quem me matou a canção…?

quem destronou o poema que criei…?

enquanto a chuva gélida

dura

te toca a pele

e te encharca de desejo

***

seria eu a tocar-te

não fora a noite

não fora o frio

não fora a morte

***

domingo, 29 de novembro de 2009

***
olho-te nos olhos
e calo a boca
arrasto minhas unhas na pele
e marco-a de ferida
e garanto-te que não há mais nada
nada para colher
deste fruto seco e cansado de ser
e digiro a palavra dor
porque... de alguma forma
sou condenada a existir
e sobrevoo jardins de flores
sem cheiro
sem cor
flores de uma beleza tão artificial
quanto as palavras ocas
de falsos poemas de amor
***

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Depressão...

Os gestos morrem ao nascer
A lassidão emerge e invade a vontade
Quero embriagar-me de novo no breu
Porque tudo foi dito no silêncio
e nada mais restou para dizer
Não há mais força
Não há mais ânimo
Vontade…
Só a de nenhuma vontade ter…
@

domingo, 20 de setembro de 2009

Oásis...
***
Imagem perfeita
De um sonho de amor
Vivido entre
O brilho do sol
E o sorriso das estrelas
***
Silêncio e magia
Feitos de liberdade conquistada à vida...
Entre o tudo e o nada
...A Paixão
***
No horizonte
apenas a voz do coração…
num sonho infinito
e deliciosamente belo
***

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

***
as mãos tremem numa dança de nervos
tremem, transpiram e apertam-se soltando gestos de ansiedade
libertam-se odores do corpo em chamas envolto em desejos
a mente voa e concentra-se no vazio de tudo excepto o prazer
inalo o ar fresco da noite
que me penetra como amante fogoso e confiante
o corpo move-se em movimento ondulante
revelando-se em searas maduras ao vento
os olhos fixam-se na lua grávida de amor
e fecham-se guardando imagens de luar e de sonho
e rendo-me ao impossível de vencer
ignorando o canto inebriante de falsas ninfas da noite que me provocam
***

terça-feira, 25 de agosto de 2009

que loucuras farias...?

palavras escritas…
quem pode determinar seu valor? limitar seu preço?
apenas porque recebidas longe do olhar… longe do toque…
do arrepio provocado pela emoção dos sentidos…
quem lhes pode negar a grandeza?
quando firmadas em alicerces de verdade…
envoltas no anseio da partilha de quem se permite bem-querer…
palavras confinadas entre duas solidões que se atraem e se confundem numa alma…
num sonho de beleza rara, porque pura…
palavras que se deleitam em sentires da vida cobertos de poesia…
palavras que nascem do abandono ao sentir…
da entrega total de quem se rende à verdade encerrada no compasso, de novo apressado,
do coração…
cresce, com elas, vontade de mais…
da segurança escrita por olhares cúmplices… do toque aconchegante da proximidade…
do som da voz que acalma…
cresce com elas a certeza do valor recíproco do sentimento…
de todas as certezas do mundo…de todas as incertezas da alma…
e… que loucuras farias… pelo compasso ritmado de doces palavras?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

...

***
estranha coisa esta…
o dia geme
geme e retorce-se
agonizante
amargo
húmido de água e sal
e rasga a carne
(porque sim)
sobe comigo o penedo
vestido de angústia
em longo lamento
respira comigo
o ar viciado
da Terra
e…
pergunta
“porquê?”
***

sexta-feira, 24 de julho de 2009

enleia-me...


***
a noite entra pela casa como nunca tinha entrado
misteriosa… quente…
um vento gostoso toca-me o corpo e a alma
deixando um arrepio de gelo
e tornando o momento quase místico
penso-te aqui
desejo-te mais que ontem
mais que sempre
desejo-te até me doer o corpo de te esperar
o meu desejo enche a noite
e derrama suspiros de impaciência
vem depressa
quero-te para mim
quero-te para sempre
aqui… comigo… neste lado da vida
e cresces na noite envolvendo-a com teu novo brilho
com teu novo alento
cresces a meus olhos
enleias-me em teias de amor…
enleias-me nos teus braços
contigo cresce também o amor… …
até derramar
pela casa
pela rua
pela cama
...
estamos juntos por fim

***

segunda-feira, 13 de julho de 2009

fotografia a preto e branco

...
vivo uma saudade a preto e branco
feita de sonhos forjados do outro lado da vida
olhos parados em nova mensagem
mãos em força de quem é… amor…

o silêncio reina
no espaço onde já reinaram as palavras
recolho migalhas de mesa farta
nos minutos que ganho sabendo-te aí
aí… tão perto fica o aqui
que me aparta deste sonho
tecido a preto e branco

e assim te desenho de novo
sem linhas sem sinais sem pontos
apenas saudade nua
de um pouco mais de ti
...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

um novelo de nós


infinitamente presa nas teias deste sonho
um novelo feito de nós
nós dois… apertados
sem distância
sem fronteiras

porquê…?
porque me foi reservado este sentir
este laço que me prende
e me engana
porque quero
porque deixo

e descubro que tudo é possível
que sou capaz do inusitado
por um novelo feito de nós
ou de mim… em delírio consentido

procuro recuperar… o que nunca perdi
porque nunca tive
quanto mais luto… mais presa fico
como em lamaçal… pântano movediço
areias que me levam … à terra que me quer

esqueci como se vive
sem memória desse olhar
lindo… calmo… solto
guardo a voz que ouvi
como uma canção perfeita
em ritmo e harmonia
guardo o olhar em movimento
o sorriso doce

e guardo o abraço
apenas no desejo
de um novelo feito de nós
preso nas teias de um sonho

sexta-feira, 19 de junho de 2009

...
abracei a liberdade num sopro de vento
E voei
voei sem amarras… sem âncoras… sem correntes
voei nas asas do meu sonho
como quem vive o primeiro momento de luz
como quem respira o primeiro ar
como quem ama a primeira vez
e roubei a ilusão à fantasia
para apertá-la contra mim
e fazê-la corpo do meu corpo
alma da minha alma
voltei a página de um conto sombrio
e… estavas lá…
sempre estiveste lá
porque fazes parte de mim
...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Nas asas de outro sonho


não, não sou ninguém
vagueio entre gente como sombra
mas não sou ninguém

rasgo a terra com mãos doridas
arranho a vida com unhas de raiva
Mas não sou ninguém

mordo os lábios… Sangro a alma
vingo a indiferença … cavo preconceitos
mas não sou ninguém

não sou ninguém
nem sou de ninguém
sonho e vivo de sonhar

e quando o sonho definha
feneço com ele
para renascer nas asas de outro sonho


quinta-feira, 28 de maio de 2009

...
já não sei se é tristeza
melancolia
ou saudade do que nunca foi
é presença gigante
imensa
que me preenche
que me completa
quando dança em mim

e quando a saudade de ser aperta
caminho em rumos repetidos
vou e volto e torno a ir
aqui e ali
e ao outro lado
pontos de encontro com a vida
que o vento carrega

e quando surge o rasto desejado
fica um sorriso quase estúpido nos lábios
… tanto nas mãos abertas…
e acredito na vida… uma vez mais
...

terça-feira, 26 de maio de 2009



és, sim, uma ilusão
mas minha
não a jogo
não a ganho
não a perco
vivo-a
porque é minha

escorres pelas minhas mãos como água
sinto-te escapar como areia entre os dedos
recorro sedenta ao meu sonho
se não estás respiro pelo próximo sinal

não me deves nada
porque bebo de ti
não me foges
porque não te tomei
não te perco
porque não és meu

és minha ilusão
minha
não a sedo
isso me dás
mais, a cada dia que passa
porque te sorrio com o coração
e te acalento com a alma

nada me deves
porque te bebo
e vivo de ti

quinta-feira, 14 de maio de 2009



não me prives de ti… amor
preciso ficar perto de ti
quero abraçar teu corpo
apertá-lo contra mim
e sentir parar o tempo
quero passear descalça nesse teu jardim
cheirar as tuas flores
afogar a mágoa no lago que teus olhos vêem
preciso parar por um pouco
repousar no teu banco de azulejos
entrar nesse teu tempo sem tempo
sem passado e sem futuro
estou exausta
quero sentir as tuas mãos firmes
e ouvir a voz que me acalma
a tua voz
preciso escrever um novo poema
sem cuidados
sem regras
apenas sentimento
não me prives de ti… amor
não quero morrer longe de ti



domingo, 10 de maio de 2009

...
só…
definhando da vida
lanço ao vento
grito mudo e tresloucado
em tormenta invasora
que afoga sonhos de amor
...

sexta-feira, 8 de maio de 2009



estão lá fora as cores
está lá fora o brilho
reflectem-se os sons
em ecos… em eco
aqui
é escuro pacífico
que escolho
para me encontrar

navego indolente
neste mar de sombras
que me levam a ti
sem te ver
sem te sentir
sei que estás aí
algures
entre os ecos e as sombras
no meu coração
fica
fica


domingo, 3 de maio de 2009

...
um rasgo de vida
sobrevive ao sopro moribundo deste peito
e luta por ser
por segurar
o resto do amor
...


quarta-feira, 29 de abril de 2009

...

sem ti
reconheço o velho sonho
que assola o meu querer
em tempos que chamo séculos

vem
vem perto de mim
estou só
fria
gelada
triste
desejo morrer de amor

faz tempo que tento esquecer
o que não me sai da alma
deste peito
escuro
perdido
sem ti

nem me pergunto se te quero
só sei que me faltas
já não sei nada
nem de mim
nem de ti

vem só escutar-me
que desejo morrer de amor

...


domingo, 26 de abril de 2009

...
nada faz o mesmo sentido
passou aquele tornado e levou parte de mim
meu refúgio é negro
meu refúgio é belo
meu refúgio é negro e espesso
negro que se sente
que aconchega meu corpo a pulsar de sentir

nada faz o mesmo sentido
seria suposto fazer?
passou o vento forte e soprou
marcou seu espaço
em jeito minimista
cheio de si e de meu corpo a pulsar de sentir

nada faz o mesmo sentido
porque faria?
estou cheia de mim
cheia de sonhos nascidos em negro aconchego
cheia de guerras e de tratados de paz
cheia de lutas neste corpo marca
do e a pulsar de sentir

...


quinta-feira, 16 de abril de 2009

...
...hoje quero saber de ti
quero saber o que vagueia no teu seio

quero entender o que prospera no teu cosmos
quero sentir o que rodeia tua aura

esquece os laços do teu mundo
enleia-te por momentos neste sonho
envolve-te neste meu espaço sem gravidade
e vamos dançar neste céu
vamos levitar lentamente
como quem respira desejo

conta-me de ti
não escondas o que não queres esconder
não te expropries do que queres guardar
sê apenas tu
neste sonho de cirro e mel
partamos juntos neste corcel
porque hoje
quero tanto saber de ti

...


quarta-feira, 15 de abril de 2009


deixem-me seguir
deixem-me estar
ondulando sem vida neste mar
imenso
profundo
tremendo

deixem-me ficar
molhada
fria
inerte
morta e ondulando
com o rumo das marés
com a indiferença dos predadores

comigo

deixem-me seguir
deixem-me estar
ondulando sem vida neste mar


terça-feira, 14 de abril de 2009

...
um rasgo de vida
sobrevive ao sopro moribundo deste peito
e luta por ser
por segurar
o resto do amor
...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

porque flores são beleza natural
rosas são requinte
margaridas são simplicidade

e assim decorre a vida
entre pétalas e espinhos
entre um sonho e outro sonho
entre lágrimas e sorrisos

este é o meu ponto de encontro
.............................................……………………comigo mesma