sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

não fora a morte...

***

o frio corta a pele como faca aguçada

a bruma invade corações de carne e de pedra

e os sonhos desvanecem

dolorosa e friamente

nesta moldura

feita poema

feita canção

***

e esqueço o que abracei

a verdade que criei

num olhar apenas

relâmpago sem trovão

(ou trovão sem relâmpago)

***

e o frio corta como espada afiada

no deserto do espírito cansado

despido de forma

gigante

***

quem me matou a canção…?

quem destronou o poema que criei…?

enquanto a chuva gélida

dura

te toca a pele

e te encharca de desejo

***

seria eu a tocar-te

não fora a noite

não fora o frio

não fora a morte

***