o frio corta a pele como faca aguçada
a bruma invade corações de carne e de pedra
e os sonhos desvanecem
dolorosa e friamente
nesta moldura
feita poema
feita canção
***
e esqueço o que abracei
a verdade que criei
num olhar apenas
relâmpago sem trovão
(ou trovão sem relâmpago)
e o frio corta como espada afiada
no deserto do espírito cansado
despido de forma
gigante
***
quem me matou a canção…?
quem destronou o poema que criei…?
enquanto a chuva gélida
dura
te toca a pele
e te encharca de desejo
seria eu a tocar-te
não fora a noite
não fora o frio
não fora a morte
***